O Conselho Estratégico Nacional da Saúde (CENS) da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) publica documento em que pede ao próximo governo para “assumir a saúde como prioridade nacional”.
Em 11 páginas o CENS elenca vários pontos para reflexão com vista a contribuir para a centralidade desta área na definição do plano de ação do novo executivo. As empresas da saúde manifestam assim a sua disponibilidade para propor medidas que possam colocar Portugal como país de referência neste setor fundamental.
No passado dia 6 de janeiro, a MSD Portugal deu inicio à comemoração dos 50 anos da MSD em Portugal com uma reunião interna que contou com a presença de todos os colaboradores.
Em 50 anos evoluímos muito, mas não mudámos a nossa essência. Continuamos a ser uma empresa de pessoas para pessoas. A cultura da MSD continua a ser o compromisso, a lealdade e a ética.
Agora, estamos prontos para renovar o compromisso com a saúde, com a inovação e, o mais importante, com as pessoas.
Queremos celebrar não só a nossa história, mas todas as histórias de vida que mudámos e vamos mudar.
Ao longo de meio século, trabalhámos para melhorar a saúde dos portugueses.
Quando trouxemos inovação para a oncologia, trouxemos também esperança.
Protegemos gerações com as nossas vacinas.
Ao procurar soluções para o tratamento e gestão do VIH e da Diabetes, procuramos também manter um compromisso: continuar a fazer a diferença.
O que queremos fazer para os próximos 50 anos? Tudo.
Fazer nascer, crescer, acreditar. Porque são as pequenas coisas que fazemos que vão continuar a fazer toda a diferença. E o nosso compromisso é para a vida.
A sepsis é uma doença que surge quando a reação do organismo a uma infeção é de tal forma exuberante que é capaz de comprometer o normal funcionamento dos órgãos do próprio organismo. Nos casos mais graves, designados de choque séptico, apresenta uma mortalidade superior a 40%.
No mundo inteiro, estima-se que existam cerca de 30 milhões de casos de sepsis por ano e que a sepsis seja responsável por cerca de 5 milhões de mortes anuais. Por este motivo, é tida como um dos assuntos prioritários por parte de várias instituições nacionais e internacionais ligadas à saúde.
2.Quais as principais causas e a que sintomas estar atento?
As infeções bacterianas constituem a principal causa de sepsis. Destas, as infeções respiratórias são as mais habituais. No entanto, qualquer infeção, em qualquer localização, tem potencial de evoluir para sepsis.
Os sintomas mais habituais que alertam para a possibilidade de sepsis são a associação de alterações da temperatura corporal (febre ou hipotermia) com: confusão, falta de ar, dor relevante em qualquer localização, ardência a urinar e muitos outros sinais ou sintomas, que devem ser alvo de rápida avaliação médica.
3. Como prevenir?
A prevenção da sepsis pode ser feita com a adesão a estilos de vida saudáveis, adesão às vacinas e profilaxias recomendadas, controlo rigoroso das doenças crónicas e adequados hábitos de higiene pessoal.
Informe-se. Esteja atento! Conheça os sintomas. Em caso de dúvida, procure ajuda especializada. O prognóstico da sepsis depende da precocidade com que é identificada.
A sepsis é uma emergência médica!
Nuno Príncipe, Médico no Serviço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar e Universitário de São João e membro do Grupo de Infecção e Sepsis Nota: Todos os conteúdos são da responsabilidade do autor
A Alliance for Advancing Health Online vai olhar para o papel das redes sociais na saúde, começando pelo tema da confiança nas vacinas para a COVID-19.
Desde a partilha de fotografias e vídeos à ligação que permite a novos e antigos amigos, as redes sociais juntaram milhões de pessoas em todo o mundo – especialmente durante a pandemia de COVID-19.
As pessoas reuniram-se online durante os confinamentos e períodos de quarentena para ligarem-se aos seus mais próximos e para se manterem atualizados sobre as mais recentes notícias relativas à pandemia. Hoje, à medida que algumas partes do globo começam a reabrir e em que outras enfrentam novos desafios, a COVID-19 e as vacinas desenvolvidas para nos proteger continuam como tópicos em alta nas redes sociais.
É por esta razão que a MSD e outros líderes de diferentes setores – tecnologia, saúde, desenvolvimento global e academia – juntaram-se para anunciar a Alliance for Advancing Health Online (doravante, Aliança), uma nova iniciativa para desenvolver o conhecimento público de como as redes sociais, a interação online e as ciências comportamentais podem impulsionar a saúde e a resiliência das comunidades espalhadas pelo mundo. A nossa companhia e o Facebook vão investir 20 milhões de dólares cada um para esta iniciativa plurianual que se vai centrar, inicialmente, em estudar a hesitação à vacinação e a equidade na vacinação, com um foco particular nas comunidades historicamente excluídas ou marginalizadas.
Como parte desta iniciativa, um fundo independente para a Confiança nas Vacinas foi estabelecido para apoiar a investigação sobre como as redes sociais e plataformas online podem apoiar a confiança e aceitação dos programas de vacinação para a COVID-19 e de rotina em todo o mundo. Este fundo é apoiado financeiramente pelo Facebook e pela MSD.
“O primeiro passo para compreendermos temas de saúde como a hesitação na vacinação é entender as razões subjacentes e falar com as pessoas onde elas estão. Este esforço colaborativo é um marco importante para melhor perceber como as redes sociais estão a ser utilizadas pelas pessoas enquanto estas fazem as suas escolhas em saúde”, sublinha a Dra. Priya Agrawal, chief behavioral science officer da MSD.
Embora o foco inicial deste exercício seja na vacinação para a COVID-19, esta Aliança pretende criar uma rede mundial de centros que investiguem as redes sociais e o seu impacto na saúde, com o propósito de melhorar o comportamento em saúde através de plataformas online.
O cancro é uma doença solitária, porque quando entramos neste mundo oncológico sem esperança de cura…. entramos num caminho solitário que amplia a nossa dor e o nosso sofrimento. Neste sentido, pode dizer-se que é uma doença de emoções e sentimentos.
Já toda a gente ouviu falar sobre o carrocel de emoções que sente um doente oncológico e é nesse carrocel que temos de atuar. E como? Não é, com toda a certeza, fechando-nos na nossa conchinha que vamos diminuir este problema, muito pelo contrário; é, pois, na abertura ao exterior, no desabafo dos nossos medos e das nossas ansiedades que podemos ancorar-nos para fugir ao turbilhão de emoções e sentimentos que nos desgasta a energia de uma forma completamente desnecessária.
Mas abrimos as nossas emoções e sentimentos a quem? Muitas vezes, com a melhor das intenções, as pessoas comuns mais não fazem do que aumentar a nossa angústia e, assim, contribuir para o nosso maior isolamento porque têm dificuldade em entender-nos ou porque elas próprias têm medo de abordar certos tabus e acabam por desvalorizar o que sentimos e acabamos por nos retrair e ficar pior que antes. Ora, para sermos devidamente compreendidos e entendidos temos de falar com as pessoas que estão a passar por problemas idênticos aos nossos, que conhecem a doença e as suas consequências, que estão a passar por sentimentos de perda como nós e que estão emotivamente tão desgastados como nós.
Então dir-se-ia… Mas como é que pessoas carregadas com tantas emoções e sentimentos negativos se podem entreajudar? Efetivamente, podem. O facto de encontrarmos pessoas que estão a passar pelos mesmos problemas, a sentir emoções idênticas e idêntica predestinação, faz com que automaticamente nos identifiquemos e nos sintamos mais fortes – um verdadeiro suporte emocional que nos permite ficar, de facto, mais aliviados, não porque isso tenha influência física na doença, mas porque pura e simplesmente deixámos de estar sós… Esse suporte de ter amigos com quem falar sobre a doença permite-nos recuperar grande parte da estabilidade emocional perdida com o diagnóstico, encarar a doença de uma forma muito mais racional, diminuir o medo e a ansiedade associados à doença incurável. Por outro lado, a troca de experiências e o conhecimento sobre os vários estádios dos outros permitem-nos situar-nos de uma forma mais realista. E, tudo somado, ajuda-nos definitivamente a aceitar a nossa própria doença e condição.
Francisco Rodrigues Presidente AC RIM – Associação de Cancro do Rim de Portugal
O objetivo de utilização de 100% de energias renováveis é assim antecipado em 15 anos. Celebrados três novos contratos de compra de energia virtual
Paço de Arcos – 26 de abril de 2021 – A MSD anunciou hoje objetivos ambiciosos para atingir a neutralidade de emissões de carbono na sua atividade até 2025 (Emissões de âmbito 1 e 2) e uma redução de 30% nas suas emissões de valor até 2030 (Emissões de âmbito 3) [1].
Este objetivos estão alinhados com a ciência e têm por base o compromisso duradouro da MSD na prevenção das piores consequências das alterações climáticas e no apoio ao esforço global para o cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris, através da redução da procura de energia e da mitigação das emissões de gases com efeito de estufa.
A MSD vai atingir a neutralidade de emissões de carbono na sua atividade com inovação em curso para aumentar a eficiência e a redução de emissões de carbono, aplicando padrões de construção sustentáveis e continuando na transição para o abandono de combustíveis fósseis. As emissões de âmbito 1 que permanecem serão compensadas cada ano com um portefólio de créditos de carbono de alta qualidade, incluindo remoções de carbono.
“Os esforços globais para combater as alterações climáticas são essenciais para a saúde e sustentabilidade do nosso planeta”, refere Robert Davis, Presidente da MSD. “Os nossos novos objetivos refletem o nosso compromisso em curso para desenvolvermos a nossa atividade de uma forma responsável, que nos ajude a alcançar uma sustentabilidade a longo prazo para o nosso negócio, para a sociedade e para os doentes e comunidades que servimos”.
Assinados novos contratos de compra de energia virtual
A MSD está também a antecipar em 15 anos o seu anterior objetivo para 2040 de extrair 100% de energia renovável da sua compra de eletricidade. A MSD assinou três novos contrato de compra de energia virtual (sigla em inglês – VPPAs – virtual power purchase agreements) para projetos energéticos de grande escala com base no Texas e em Espanha. Este projetos compreenderão aproximadamente 35% das emissões de âmbito 2 da MSD ao adicionarem coletivamente 145 megawatts (MW) de energia solar e eólica à potência. A MSD tinha assinado anteriormente um VPPA de energia eólica nos EUA em 2018, que adicionou 60 MW de nova energia renovável, enquanto concedem à MSD os créditos de energia renovável associados.
Para atingir a redução de 30% nas emissões de âmbito 3 até 2030, a MSD continuará a conversar com os seus fornecedores para a redução das suas emissões, a promover oportunidades para procurarem a utilização de energias renováveis e a utilizar os nossos processos de contratação e cadeia de distribuição para acionar estratégias adicionais que procurem reduzir emissões.
“Na MSD, estamos empenhados na adoção de formas inovadoras para reduzir emissões, na nossa atividade e ao longo da nossa cadeia de valor” sublinha Jennifer Zachary, vice presidente executiva e general counsel, também responsável na companhia pela função global na área da segurança e ambiente. “Os nossos novos contratos de compra de energia virtual e a nossa interação em curso com fornecedores reflete a nossa utilização responsável de recursos em todos os aspetos do nosso trabalho.”
A MSD tem um compromisso duradouro com a sustentabilidade ambiental. Estes novos passos constroem sobre os objetivos e prioridades mais recentes, estipulados em 2017, com enfoque em conseguir maior eficiência nas atividades, em desenhar novos produtos que minimizem o impacto ambiental e reduzir o impacto na cadeia de valor. Para saber mais sobre o modelo ESG (Environmental, Social and Governance) da MSD, consulte MSD’s Corporate Responsibility Report.
¹ Emissões de âmbito 1 são emissões diretas de gases com efeito de estufa que derivam de fontes controladas ou detidas por uma organização (ex. emissões associadas com a queima de combustível em caldeiras, fornos e veículos). Emissões de âmbito 2 são emissões indiretas de gases com efeito de estufa associadas com a compra de eletricidade, vapor, aquecimento ou refrigeração. Emissões de âmbito 3 são resultado da atividade de ativos não detidos ou controlados pela organização que reporta, mas que são impactados indiretamente por esta através da sua cadeia de valor.
Tenho artrite reumatoide há cerca de trinta anos e sou associada da ANDAR (Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatoide) desde a sua fundação.
Sendo uma das inúmeras doenças reumáticas existentes, a artrite reumatoide, como é sabido, não tem ainda cura mas pode ser muito controlada e atenuada através de medicação, da ajuda indispensável de médicos e fisioterapeutas especializados e da aceitação, compreensão e mobilização do próprio doente e da família próxima que o rodeia.
Nem sempre é fácil lidar no dia a dia com as contrariedades que a doença acarreta e que se manifestam nas mais comuns atividades que parecem tão simples e inofensivas aos olhos dos outros… Por isso é tão importante que a doença seja divulgada e conhecida para que a comunidade familiar e social possa perceber e NÃO minimizar todas as dificuldades que os doentes enfrentam quotidianamente.
E a ANDAR tem tido um papel fundamental nessa divulgação, mas não só… Esta associação tem lutado continuamente pela melhoria de informação e condições para os doentes, bem como pela obtenção de benefícios justos, já que a medicação apropriada é, muitas vezes, apenas de dispensa hospitalar e com custos inacessíveis para a grande maioria dos doentes.
Para mais, tem ainda, por vezes, de enfrentar a incompreensão e a rudeza de alguns que não conseguem perceber que só o trabalho e o esforço contínuos, a união e o empenho podem proporcionar o bem conjunto.
É fundamental unirmo-nos à volta desta associação que tanto luta pelos doentes e muito tem conseguido, com provas dadas, alcançando direitos justos que, isolados, nunca teríamos conseguido…
Continuemos a ANDAR juntos!
Helena Serra, ex-presidente ANDAR Nota: Todos os conteúdos são da responsabilidade da autora
Depois do sucesso da primeira edição, o programa de trainees “Inventors on Board”, da MSD Portugal, volta a descolar com a missão de recrutar novos talentos. As candidaturas para embarcar nesta aventura decorrem até dia 30 de abril através da plataforma: https://msdinventorsonboard.aplygo.com/
O programa “Inventors on Board” é a resposta certa para todos os que investiram tempo na sua formação, que acreditam que têm potencial para ser um grande líder e que procuram um desafio profissional diferente. Seja qual for a formação ou especialização, na MSD Portugal há lugar para todos os perfis e muitas áreas para começar uma carreira.
A entrada no mundo do trabalho pode ser complexa, por isso, o “Inventors on Board” pretende proporcionar uma experiência profissional única e transformadora, em que os jovens terão a oportunidade de expandir as suas aprendizagens. Ao longo desta aventura, podem contar com o apoio dos seus managers e mentor, de contactar com diversas áreas e de construir o seu networking com diferentes gerações de profissionais e equipas internacionais multidisciplinares.
Para esta nova missão, que terá uma duração de 12 meses, procuram-se jovens que tenham concluído o mestrado e tenham até dois anos de experiência profissional na sua área. Se apresentarem também um mindset digital e um espírito inovador capaz de trazer novas perspetivas sobre o mundo, o passaporte para esta grande aventura é quase garantido.
A viagem começa, desde logo, com a candidatura online, onde serão validados os critérios base para integração no programa. Após esta primeira fase, seguem-se as provas online, em que os jovens serão desafiados a testar os seus conhecimentos através de testes de aptidão e questionários. Numa terceira fase, em que se pretende conhecer melhor o candidato e os motivos da sua candidatura, será realizada uma entrevista telefónica que abrirá, depois, as portas ao assessment day, um dia especialmente criado para desafiar o grupo de candidatos selecionados a sair da sua zona de conforto. Por fim, esta viagem culmina com a realização de uma entrevista com diretores de diferentes áreas de negócio da MSD Portugal.
O vírus do papiloma vírus humano (HPV) é um microorganismo muito ubíquo, cuja infecção é muito frequente. Transmite-se directamente, entre epitélios em contacto, principalmente durante as relações sexuais. Calcula-se que 80% das pessoas, sejam infectadas pelo vírus, em algum momento das suas vidas .
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 1 000 000 de pessoas todos os dias são infectadas por este vírus. Como na grande maioria dos casos não há tratamento eficaz, são as nossas defesas através da resposta imunitária, que tratam de eliminar cada uma destas infecções.
A maioria das infecções pelo HPV desaparece espontaneamente sem deixar sequelas. Quando a infecção persiste, o que acontece em 10% das pessoas, pode ocasionar o aparecimento de um cancro ou de lesões pré-malignas, cujo não tratamento pode levar a um cancro.
A OMS considera o HPV o segundo carcinogénico mais importante, logo a seguir ao tabaco, sendo responsável por 5% dos cancros, 10% dos cancros na mulher e 15% dos cancros em mulheres nos países em vias de desenvolvimento.
A relação causal entre infecção por HPV e cancro do colo do útero foi estabelecida há mais de 30 anos.
Mais recentemente, foi estabelecida uma relação causal entre a infecção persistente por este vírus e tumores noutras localizações, em ambos os sexos. Nomeadamente cancros da orofaringe, ânus, vulva, vagina e pénis .
Calcula-se que, na Europa, a infecção por HPV seja responsável por 284.000 a 540.000 lesões pré-cancerosas ano-genitais, e 44.000 novos casos de cancro.
Além disso o HPV é responsável pelo aparecimento de verrugas genitais (condilomas) que, embora benignas, causam desconforto significativo, são difíceis de tratar e afectam ambos os sexos.
O grupo de homens que tem sexo com homens (MSM) é particularmente susceptível ao aparecimento de verrugas genitais, ao aparecimento de lesões pré-malignas e malignas a nível do ânus.
Em 2008, quando as vacinas foram introduzidas no programa nacional de vacinação (PNV), eram apenas dirigidas ao sexo feminino e tinham como objectivo a prevenção do cancro do colo, das lesões pré-malignas ano-genitais e das verrugas genitais.
Actualmente, este objectivo é muito mais alargado, incluindo nomeadamente indivíduos do sexo masculino.
A vacinação contra o HPV, para além de confirmar a alta eficácia demonstrada nos ensaios clínicos, tem revelado uma elevada efectividade na vida real. Em todos os países onde foi introduzida a vacinação, assiste-se a uma baixa acentuada das doenças relacionadas com o HPV, mesmo no grupo da população não vacinada (protecção de grupo).
A Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) recomenda a vacinação sistemática universal contra a infecção por HPV, a raparigas e rapazes antes dos 12 anos, para prevenção oncológica das doenças associadas ao HPV. Esta medida demonstrou uma significativa redução na carga de doença, em ambos os sexos. Na Europa, 48% dos países já introduziram a vacinação universal, com neutralidade de género. Portugal é um País com taxas de cobertura próximas dos 90%, factor fundamental no êxito de qualquer programa vacinal.
A eficácia máxima da vacinação é obtida quando realizada abaixo dos 17 anos. No entanto, essa eficácia continua muito alta até aos 26 anos, independentemente da existência ou não de relações sexuais, de modo que as principais sociedades científicas aconselham o alargamento do cohorte vacinal a todas as pessoas até essa idade.
A população adulta, com mais de 26 anos, continua susceptível à infecção por HPV, revelando um estudo recente taxas de 25-49%, com 50% das infecções acima dos 34 anos, em mulheres. Foi demonstrada eficácia das vacinas, em ambos os sexos até aos 55 anos. Foi também demonstrada a diminuição da transmissibilidade da infecção em pessoas vacinadas. Deste modo, e de modo individualizado, as principais Sociedades Científicas recomendam, fortemente e de maneira pro-activa, a vacinação neste grupo etário.
Para além da prevenção primária fornecida pela vacinação, às doenças provocadas pela infecção por HPV, existe um programa de prevenção secundária em relação ao cancro do colo do útero. Esse programa de rastreio, realizado através de um teste para a detecção do HPV, em mulheres sexualmente activas, quer estejam vacinadas ou não, permitem conhecer as populações em risco de padecer de lesões pré-malignas (displasias) e encaminhá-las para consultas especializadas de Ginecologia, onde são adequadamente tratadas, controlando as lesões leves e extirpando as graves, impedindo, deste modo, o aparecimento deste cancro.
As Sociedades Científicas propõem um seguimento destas doentes tratadas, a vacinação contra o HPV nas mulheres não vacinadas, bem como evitar certos co-factores como o tabaco, que favorecem a persistência da infecção vírica.
O cancro do colo do útero é considerado pela OMS uma doença, que pode ser prevenida e passar a ter números residuais (≤ 4 casos/100.000 mulheres) com mortalidade muito reduzida em 2030, se as autoridades de saúde conseguirem impor agora a seguinte arquitectura :
90% das raparigas vacinadas até aos 15 anos.
70% de mulheres rastreadas com testes de alta precisão, entre os 35 e os 45 anos.
90% das mulheres diagnosticadas com doença do colo do útero, receberam tratamento adequado
A Organização Europeia Contra o Cancro, concordando com arquitectura proposta pela OMS para a eliminação do cancro do colo do útero, procura ir um pouco mais longe, sendo de salientar 3 das suas recomendações:
vacinação de 90% dos adolescentes de ambos os sexos, com particular atenção para que seja assegurada a equidade a todos os grupos demográficos.
vacinação individualizada em pessoas adultas, após informação pro-activa do prestador de cuidados de saúde.
promover a vacinação, neutral de género, em grupos considerados de alto risco para doenças causadas pelo HPV, tais como: MSM, migrantes, doentes imunodeprimidos e trabalhadores sexuais.
Dr. José Maria Moutinho, ginecologista Nota: Todos os conteúdos são da responsabilidade do autor
9 perguntas e respostas sobre o Papilomavírus Humano (HPV) Aceda aqui
1. Porque é o HPV um vírus com que nos devemos preocupar?
O HPV, ou vírus do papiloma humano, é um vírus que pode causar cancro. O risco de cancro associado à infeção persistente por HPV é muito preocupante. A infeção por HPV é muito frequente em todo o mundo. O HPV é um vírus capaz de infetar a pele e algumas mucosas, podendo originar o aparecimento de lesões, as verrugas. Quando se localizam nos órgãos genitais, chamam-se condilomas acuminados ou verrugas genitais. Atualmente a infeção por HPV é a infeção de transmissão sexual mais frequente.
Conhecem-se mais de cem subtipos diferentes do vírus. Cada subtipo localiza-se numa área diferente do nosso corpo onde podem provocar lesões: uns fixam-se nas mãos, outros nos pés, outros nos genitais. Nos genitais há subtipos de HPV cuja infeção está associada a maior risco de cancro – chamam-se tipos oncogénicos de HPV.
2. Como posso apanhar HPV?
O HPV é transmitido, na maioria dos casos, por contacto direto com a pele infetada. Quando a infeção se localiza na área genital habitualmente ocorre por contacto com a pele/mucosa infetada durante as relações sexuais. Após a transmissão do vírus este fica nas camadas mais superficiais da pele e mucosas e aí permanece sem se multiplicar durante meses ou anos, não provocando qualquer lesão – infeção latente. Quando o vírus se multiplica provoca o aparecimento das lesões – infeção clínica.
3. Qual a principal diferença entre o HPV e outros vírus transmitidos sexualmente?
Além de ser o vírus de transmissão sexual mais frequente, é causador de cancro nas áreas em que existe de forma persistente – cancro do colo do útero, cancro da vagina, cancro vulva, cancro do pénis, cancro anal e alguns cancros da boca.
4. Quais as manifestações dermatológicas mais comuns do HPV?
As manifestações dermatológicas mais comuns da infeção por HPV são as verrugas.
5. Quais as manifestações dermatológicas mais graves do HPV?
As mais graves são o cancro.
6. Se tiver condilomas genitais, o que devo fazer?
Se tiver ou suspeitar que tem condilomas genitais deverá recorrer ao médico assistente que o orientará de forma mais adequada.
7. Quais as formas de prevenção disponíveis?
Em relação à prevenção da infeção por HPV, temos hoje ao dispor, fazendo parte do Programa Nacional de Vacinação, vacinas para o HPV, que devem ser aplicadas antes do início da atividade sexual para ambos os géneros. O preservativo diminui a possibilidade de transmissão do HPV durante a relação sexual, embora não a evite completamente. Na prevenção do cancro do colo de útero mantem-se a recomendação da citologia cervico-vaginal de acordo com as recomendações da DGS.
8. Quais as formas de rastreio disponíveis?
Nas mulheres está indicado o rastreio do cancro do colo do útero, que inclui a pesquisa de HPV de alto-risco oncogénico em citologia cervico-vaginal.
O diagnóstico de condilomas acuminados ou verrugas genitais é essencialmente clínico. Não estão indicados exames de rastreio para os parceiros de doentes com diagnóstico de infeção HPV, se assintomáticos. Não está indicado realizar pesquisa e tipagem de HPV na área genital externa em mulheres ou homens. Estão a ser estudados métodos adequados para rastreio de cancro anal e oral associados a HPV.
9. Quem está atualmente abrangido pelo Programa Nacional de Vacinação (PNV)?
Meninas e meninos com 10 anos. A vacina para o sexo masculino só foi iniciada em outubro de 2020 e abrange todos os rapazes nascidos após 2009, inclusivamente. Os rapazes que iniciaram a vacinação por prescrição médica podem completar o esquema, gratuitamente no Centro de Saúde, até ao dia antes de fazer 27 anos de idade (desde que nascidos após 2009), respeitando sempre o esquema recomendado para a sua idade.
10. Qual é atualmente a recomendação para a vacinação de mulheres e homens adultos (não abrangidos pelo PNV)?
Recomenda-se a vacinação, de forma geral, para homens e mulheres adultos, independentemente de história passada de infeção por HPV ou verrugas, ou se na altura têm esta infeção. Parece haver benefícios para prevenir novas infeções ou reativação pelo tipo de HPV cobertos pelas vacinas. A recomendação de vacinar é particularmente mais forte até 46 anos. No entanto, a vacina pode ser dada em adultos mais velhos e acredita-se que terá benefício na prevenção da infeção ou reinfeção.
Prof. Dra. Carmen Lisboa, dermatologista Nota: Todos os conteúdos são da responsabilidade do autor
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